quarta-feira, 28 de março de 2012

QUANDO A ESCOLA É DE VIDRO

Quando a Escola é de Vidro (Ruth Rocha)










Naquele tempo eu até que achava natural que as coisas fossem daquele jeito.
Eu nem desconfiava que existissem lugares muito diferentes...
Eu ia para a escola todos os dias de manhã e quando chegava, logo, logo, eu tinha que me meter no vidro.
É, no vidro!
Cada menino ou menina tinha um vidro e o vidro não dependia do tamanho de cada um, não!
O vidro dependia da classe em que agente estudava.
Se você estava no primeiro ano ganhava um vidro de um tamanho.
Se você fosse do segundo ano seu vidro era um pouquinho maior.
E assim, os vidros iam crescendo à medida que você ia passando de ano.
Se não passasse de ano, era um horror.
Você tinha que usar o mesmo vidro do ano passado?
Coubesse ou não coubesse.
Aliás nunca ninguém se preocupou em saber se a gente cabia nos vidros.
E pra falar a verdade, ninguém cabia direito.
Uns eram muito gordos, outros eram muito grandes, uns eram pequenos e ficavam afundados no vidro, nem assim era confortável.
Os muitos altos de repente se esticavam e as tampas dos vidros saltavam longe, às vezes até batiam no professor.
Ele ficava louco da vida e atarraxava a tampa com forço, que era pra não sair mais.
A gente não escutava direito o que os professores diziam, os professores não entendiam o que a gente falava...
As meninas ganhavam uns vidros menores que os meninos.
Ninguém queria saber se elas estavam crescendo depressa, se não cabiam nos vidros, se respiravam direito...
A gente só podia respirar direito na hora do recreio ou na aula de educação física.
Mas aí a gente já estava desesperado, de tanto ficar preso e começava a correr, a gritar, a bater uns nos outros.
As meninas, coitadas, nem tiravam os vidros no recreio.E na aula de Educação Física elas ficavam atrapalhadas, não estavam acostumadas a ficarem livres, não tinham jeito nenhum para Educação Física.
Dizem, nem sei se é verdade, que muitas meninas usavam vidros até em casa.
E alguns meninos também.
Estes eram os mais tristes de todos.
Nunca sabiam inventar brincadeiras, não davam risada á toa, uma tristeza!
Se a gente reclamava?
Alguns reclamavam.
Então os grandes diziam que sempre tinha sido assim; ia ser assim o resto da vida.
A minha professora dizia que ela sempre tinha usado vidro, até para dormir, por isso é que ela tinha boa postura.
Uma vez um colega meu disse pra professora que existem lugares onde as escolas não usam vidro nenhum, e as crianças podem crescer á vontade.
Então a professora respondeu que era mentira.Que isso era conversa de comunistas.Ou até coisa pior...
Tinha menino que tinha até que sair da escola porque não havia jeito de se acomodar nos vidros.E tinha uns que mesmo quando saiam dos vidros ficavam do mesmo jeitinho, meio encolhidos, como se estivessem tão acostumados que estranhavam sair dos vidros.
Mas uma vez veio para a minha escola um menino, que parece que era favelado, carente, essas coisas que as pessoas dizem pra não dizer que era pobre.
Ai não tinha vidro pra botar esse menino.
Então os professores acharam que não fazia mal não, já que ele não pagava a escola mesmo...
Então o Firuli, ele se chamava Firuli, começou a assistir as aulas sem estar dentro do vidro.
Engraçado é que o Firuli desenhava melhor que qualquer um, o Firuli respondia perguntas mais depressa que os outros, o Firuli era muito mais engraçado...
Os professores não gostavam nada disso...
Afinal, o Firuli podia ser um mau exemplo pra nós...
Nós morríamos de inveja dele, que ficava no bem-bom, de perna esticada, quando queria ele espreguiçava, e até meio que gozava a cara da gente que vivia preso.
Então um dia um menino da minha classe falou que também não ia entrar no vidro.
Dona Demência ficou furiosa, deu um coque nele e ele acabou tendo que se meter no vidro, como qualquer um.
Mas no dia seguinte duas meninas resolveram que não iam entrar no vidro também:
_Se Firuli pode por que é que nós não podemos?
Mas dona Demência não era sopa.
Deu um croque em cada uma, e lá se foram elas, cada uma pro seu vidro...
Já no outro dia a coisa tinha engrossado.
Já tinha oito meninos que não queriam saber de entrar nos vidros.
Dona Demência perdeu a paciência e mandou chamar seu Hermenegildo que era o diretor lá da escola.
Hermenegildo chegou muito desconfiado:
Aposto que essa rebelião foi fomentada pelo Firuli.È um perigo esse tipo de gente aqui na escola.Um perigo!
A gente não sabia o que queria dizer fomentada, mas entendeu muito bem que ele estava falando mal do Firuli.
Seu Hermenegildo não conversou mais.Começou pegar os meninos um por um e enfiar á força dentro dos vidros.
Mas nós estávamos loucos para sair também, e para cada um que ele conseguia enfiar dentro do vidro, já tinha dois fora.
E todo mundo começou a correr do seu Hermenegildo, que era para ele não pegar a gente, e na correria começamos a derrubar os vidros.
E quebramos um vidro, depois quebramos outro e outro mais e dona Demência já estava na janela gritando:
_SOCORRO! VÂNDALOS! BÁRBAROS!
(Pra ela bárbaro era xingação).
Chamem os Bombeiros, o Exército da Salvação, a Polícia Feminina...
Os professores das outras classes mandaram cada um, um aluno para ver o que estava acontecendo.
E quando os alunos voltaram e contaram a farra que estava na 6ª série todo mundo ficou assanhado e começou a sair dos vidros.
Na pressa de sair começaram a esbarrar uns nos outros e os vidros começaram a cair e a quebrar.
Foi um custo botar ordem na escola e o diretor achou melhor mandar todo mundo pra casa, que era pra pensar num castigo bem grande, pro dia seguinte.
Então eles descobriram que a maior parte dos vidros estava quebrada e que ia ficar muito caro comprar aquela vidraria toda de novo.
Então diante disso seu Hermenegildo pensou um bocadinho, e começou a contar pra todo mundo que em outros lugares tinha umas escolas que não usavam vidro nem nada, e que dava bem certo, as crianças gostavam muito mais.
E que de agora em diante ia ser assim: nada de vidro, cada um podia se esticar um bocadinho, não precisava ficar duro nem nada, e que a escola agora ia se chamar Escola Experimental.
Dona Demência, que apesar do nome não era louca nem nada, ainda disse timidamente:
_Mas seu Hermenegildo, Escola Experimental não é bem isso...
Seu Hermenegildo não se perturbou:
_Não tem importância.A gente começa experimentando isso.Depois a gente experimenta outras coisas...
E foi assim que na minha terra começaram a aparecer as Escolas Experimentais.
Depois aconteceram muitas coisas, que um dia eu ainda vou contar...





     Quando a escola é de vidro , temos que ficar engessados, não podemos sair do vidro, não podemos falar, não podemos brincar, não podemos nos mexer, não podemos fazer barulho ! A escola nos engessa como professoras, engessa os alunos, mas acho que tem professoras que gostam desse engessamento e olham com cara feia , quando vê uma professora maluquinha e tentam nos constranger e nos desqualificar ! Já estou ficando engessada,sobrecarregada e cansada!! SURVIVE!! Na verdade o sistema nos engessa , porém em toda escola sempre tem um aluno Firuli ou uma professora Firuli ! KKKK!




Um dia quem sabe a escola poderá ser prazerosa e não seremos como operários de uma fábrica ou soldados de um quartel, porém muitas vezes temos que nos adequar a escola e entrarmos dentro do vidro, senão  seremos convidados a sair  ou podem te dizer : - Aqui não tem mais vaga para você ou  te oferecerem um lugar  de ótima localização e que para você seria ótimo!
Em uma escola sempre tem um Firuli !!! KKK!!
                                                                                                            Karla  Cristina


domingo, 25 de março de 2012

HIPÓTESES DE ESCRITA DAS CRIANÇAS DO 1º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL( ATIVIDADES PARA O PORTIFÓLIO)



FEVEREIRO/2012


ATIVIDADE COM A RELAÇÃO GRAFEMA/FONEMA DA LETRA INICIAL E HIPÓTESES DE ESCRITA/ Mês de fevereiro/ Turma da tarde. Obs: esta turma já convive em um ambiente letrado e alfabetizador desde a educação infantil.

É importante conhecermos os níveis psicogenéticos  pesquisados por Emíia Ferreiro e Ana Teberoky para irmos intervindo nas  hipóteses que as crianças tem sobre a escrita.


 

  • Hipótese pré-silabica
  • Características
  1.  Utilizam números, letras e pseudo letras.
  2. O critério de seleção é forte.
  3. Não compreendem que a escrita é a representação da fala.
  4. Realismo nominal ( quanto maior o objeto , maior o número de caracteres). Ex: A formiga é pequena , por isso se escreve com menos letras, enquanto que o boi é grande, então eles escrevem com mais letras.
  • Intervenções
  1. Trabalhar com o nome próprio e dos outros ( reconhecimento global, letras iniciais e finais)
  2. Leitura de textos que saibam de memória pelo professor e pelo aluno (parlendas, cantigas, trava-línguas)
  3. Oferecer lista de palavras com lacunas/figuras
  4. Cruzadinhas com banco de palavras/imagens
  5. Completar as palavras com a letra e sílaba inicial
  6. Completar as palavras com as vogais que faltam
  7. Organizar as letras das palavras , pareando a palavra.
  8. Contar nº de letras das palavras
  9. Escritas espontâneas

  • Hipótese silábica
  • Características
  1. Percebe a relação entre a oralidade e a escrita
  2. Usa uma letra para cada sílaba
  3. Pode ou não fazer uso de valor sonoro ( de vogal ou consoante)
  4. Determina mínimo de letras.

  • Intervenções
  1. Trabalhar com os nomes dos alunos
  2. Textos de memória ( parlendas, cantigas, trava-línguas, etc.)
  3. Cruzadinhas e textos lacunados para perceber o nº de letras e de palavras.
  4. Atividades  para contar as letras e sílabas das palavras.
  5. Atividade para alterar as vogais e manter as consoantes. Ex: BOLA- BOLO - BELA
  6. Completar as palavras com a letra e sílaba inicial.
  7. Escritas espontâneas

  • Hipótese silábico-alfabética
  • Caractrísticas
  1. Fase de transição -silábico- alfabético
  2. Ora compõe sílabas, ora não compõe na mesma palavra
  3. Faz maior uso de consoantes
  4. Acreditam que algumas consoantes se bastam para a composição da sílaba. Ex: B= BE
  • Intervenções
  1. Cruzadinhas
  2. Forca
  3. Texto Lacunado;
  4. Pedir para a criança ler o que escreveu
  5. Atividade com sílabas simples e complexas, para a formação de palavras, frases e textos.
  6. Escritas espontâneas


  • Hipótese alfabética
  • A hipótese alfabética parece ser um fim de um longo trabalho, mas é o começo de mais uma longa fase.
  • Características
  1. Escreve compondo sílabas foneticamente corretas;
  2. Desconsideram a segmentação entre palavras;
  3. Hipercorreção: exagera no uso de acentos e pontuação.

  • Intervenções
  1. Ortografia: ditado de palavras com sílabas simples e complexas. Ditado de frases.  Uso do dicionário para verificar as palavras.
  2. Produção de textos e revisão destes. Trabalhar vários estilos discursivos , considerando a pontuação, ortografia, coesão textual e criatividade.
  3. Leitura e interpretação de textos. Leitura de histórias para levar para casa e recontá-las na roda ( caderno de histórias). Oferecer vários gêneros textuais (poesias, narrativas, textos informativos, textos para se comunicar (cartas e bilhetes), trava-línguas, etc.
  4. Quadro  de regularidades ortográficas
  5. Forca
  6. Segmentar pequenos textos (parlendas, quadrinhas, etc.)
  7. Pintar lacuna entre palavras em pequenos textos (segmentação)


FEVEREIRO/2012

NÍVEIS CONCEITUAIS DE ESCRITA
  • IRBODG /DIRETOR( ALUNA: TAINÁ-PRÉ-SILÁBICA)
  • MPSDA /PROFESSORA  (ALUNO: CARLOS ALEXANDRE- PRÉ-SILÁBICO)
  • EFEHI//DIRETOR  (ALUNO:WESHELY- PRÉ-SILÁBICO)
  • SVT/SERVENTE/   IEO/DIRETOR ( ALUNO: GUILHERME- SILÁBICO)
  • IEOA/DIRETORA(ALUNA- LIDIANE- SILÁBICA)
  • OFFOA/PROFESSORA( IZABEL - SILÁBICA- NAS OUTRAS PALAVRAS TEVE UMA INTERVENÇÃO)
  • DEO/DIRETOR ( ALUNO:WESLEY-SILÁBICO)
  • OEOA/PROFESSORA (ALUNA:LÍVIA-SILÁBICA)
  • POFOA/PROFESSORA  CVT/SERVENTE ( GABRIEL/SILÁBICO-ALFABÉTICO)
  • SCEA/SERVENTE/    DIRETO/DIRETOR ( CAIO JORGE/TRANSIÇÃO ENTRE NÍVEIS SILÁBICO E ALFABÉTICO AVANÇA E RETROCEDE/ DIZEM QUE UTILIZAM LETRA CURINGA , QUANDO NÃO CORRESPONDEM GRAFEMA/FONEMA)
  • CVTD/SERVENTE (ADEILTON-SILÁBICO/ALFABÉTICO
  • SEVETE/SERVENTE(BIANCA-ALFABÉTICA)
  • DIRETORA(CAIO REIS/ALFABÉTICO)
  • DIRETORA(FELIPE/ALFABÉTICO)
  • DIRETORA(NATÁLIA-ALFABÉTICA)
  • PROFESORA(BERNARDO-ALFABÉTICO)
  • DIRETORA(IZABELLA CECÍLIA-ALFABÉTICA)



A atividade interviu na relação letra/som  das iniciais das palavras, importante para a construção do sistema alfabético e mais adequado para os níveis pré-silábicos e silábicos, que ligaram as palavras às letras iniciais. Os silábicos -alfabéticos e alfabéticos escreveram  as palavras com facilidade.













Reconhecimento dos nomes e letras inciais











Contação e reconto da história: "A Limpeza de Teresa". Registro com desenho e da expressão do pensamento, através da escrita da frase.  Escrita de acordo com o nível conceitual. Intervenção da professora, quanto a estrutura da frase.





ABRIL /2012

ATIVIDADE SOBRE AS PARTES DO CORPO E DIVERSIDADE

BERNARDO-ALFABÉTICO

 CAIO JORGE- SILÁBICO-ALFABÉTICO

GABRIEL-ALFABÉTICO
JHENYPHER-SILÁBICA -CONSCIÊNCIA SONORA DE VOGAL

CAIO REIS-ALFABÉTICO

GUILHERME-SILÁBICO-ALFABÉTICO
WESHILEY- SILÁBICO-ALFABÉTICO/AVANÇA E RETROCEDE. MUITAS VEZES NÃO RELACIONA LETRA/SOM DE VOGAIS OU CONSOANTES E UTILIZA LETRAS CURINGAS PARA SUBSTITUIR AS QUE NÃO RECONHECE!

IZABEL-  TRANSIÇÃO ENTRE OS NÍVEIS SILÁBICO E SILÁBICO-ALFABÉTICO
MAIOR CONSCIÊNCIA SONORA DE VOGAIS . RELACIONA O SOM DE ALGUMAS CONSOANTES/ ALGUMAS SÍLABAS RECONHECE , POR CAUSA DOS NOMES DE ALUNOS COMO  "CA"  DE CAIO

FELIPE-ALFABÉTICO

BIANCA-ALFABÉTICA

LUCCAS-ALFABÉTICO

IZABELLA CECÍLIA -ALFABÉTICA




Escrita espontânea, de acordo com a hipótese de escrita/Maio/2012

Obs: observo que muitas crianças soletram corretamente as letras das palavras , mas na hora de escrever omitem  vogais ou consoantes ou invertem sílabas, isto ocorre quando fazem a atividade sem a minha presença  ,parece que ainda não estão seguras em suas hipóteses silábico-alfabéticas, retornando para escritas silábicas. Descobri três alunos com as mesmas escritas, pois  copiaram. Quando realizarmos alguma atividade de avalição diagnóstica, é necessário que façamos com a criança individualmente,  tendo o cuidado para não intervir , no entanto mesmo ditando acabamos intervindo. Na realidade os níveis transitam , até as crianças escreverem de forma realmente segura alfabeticamente !















SETEMBRO /2012














NOVEMBRO/2012

 Não consegui digitalizar todas essas produções, por causa da pressa de colocá-las no portifólio da escola e do excesso de trabalho

NOVEMBRO/2012 
Outras produções escritas que fizeram parte do projeto sobre os animais



























Bem vindo !!

Sejam bem vindos a esse blog que tem a intenção de compartilhar essas idéias, as quais podemos sempre transformar com muita criatividade!!!

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Pedagoga com habilitação em educação especial, pós-graduação em educação infantil, orientação educacional e pedagógica.Monografias: "Metodologia Teacch", "Teoria e Prática Construtivista" e "A Alfabetização e a Orientação Pedagógica". Cursos específicos na área de autismo: Metodologia Teacch e ABA. Experiência em educação infantil, ensino fundamental e em instituição para crianças com autismo. E o mais importante! Professora com muito orgulho! Se passar neste blog, deixe o seu recadinho! Beijos Karla