O conceito de letramento, muito
divulgado no Brasil, nas pesquisas da área de educação pela professora Magda
Soares (entre outras), deixou de lado o contraste entre pessoas que sabem e que
não sabem ler. O letramento considera graus de intimidade do indivíduo com
materiais de escrita e de leitura. Para não assustar ninguém, é bom deixar claro
que o letramento é algo que está em nosso dia-a-dia. Nada mais é do que parte de
nossa necessidade diária de ação pela linguagem, especialmente lendo e
escrevendo.
Quando alguém sabe ler, mas não consegue compreender
sequer textos curtos, essa pessoa pode ser alfabetizada, mas tem um nível de
letramento muito baixo. Esse nível pode aumentar à medida que o indivíduo
aprende a lidar com mais e diferentes materiais de leitura e de escrita. Quanto
mais textos alguém é capaz de ler e entender, mais letrado é. Assim também
funciona com a escrita. Quanto mais material escrito alguém é capaz de produzir,
mais letramento tem. E não adianta produzir apenas em quantidade. É preciso
ampliar o leque de possibilidades, ou seja, ler muitas coisas diferentes e saber
o que fazer com elas.
Por exemplo: você é capaz de ler bem uma tirinha? Sabe
lidar com o texto do rótulo de uma lata de ervilhas? Consegue produzir um bom
bilhete para um familiar? Pode se mover na cidade lendo as placas de rua? Sabe
como procurar informações numa bula de remédio? Então você tem letramento
suficiente para o dia-a-dia. O caixa eletrônico do banco é mais uma
possibilidade de letramento. Já que está numa máquina, ficou sendo chamado de
letramento digital. As pessoas que entraram nesse tipo de letramento podem atuar
na linguagem por meio da leitura e da escrita de textos produzidos no e para o
computador, estejam eles na internet ou nos programas de produção e leitura de
material textual.
Uma instituição de ensino é a responsável, em grande
medida, pelo aumento do letramento das pessoas. É lá que o indivíduo deixa de
ler e escrever apenas os textos do dia-a-dia e passa a ter contato com materiais
elaborados de maneira diferente, às vezes mais complexos e menos comuns no
cotidiano. Na escola, aprendemos a escrever as famosas dissertações. Na
faculdade, chovem os resumos, as resenhas e as tenebrosas monografias. Os
artigos científicos tornam-se a leitura predileta de quem resolve se
especializar na carreira. E, mais tarde, para quem se aprofunda, chegam as
dissertações e teses. A leitura literária faz parte da ampliação do letramento.
Tudo isso faz aumentar, também, a quantidade e a qualidade das informações na
nossa memória, ou seja, nossa bagagem cultural. Isso é letramento. E quando
alguém também domina os textos feitos na e para a tela do computador, isso é
letramento digital.
Quando o indivíduo entra numa agência bancária e não
consegue lidar com as orientações escritas na máquina, é preciso introduzi-lo
nessa nova possibilidade de leitura. As escolas, há vários anos, têm oferecido
computadores e laboratórios de informática aos alunos para que todos tenham
acesso às novas maneiras de ler e escrever. No entanto, nem sempre apenas as
máquinas bastam. É preciso que o professor planeje uma nova maneira de dar
aulas, um novo jeito de ensinar, com novas tecnologias. Isso é aumentar o
letramento e entrar no mundo das possibilidades digitais.
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